sábado, setembro 29, 2001

Juju está de volta ao mundo maravilhoso dos blog. E volta me apoiando e fazendo uma careta pro Vingador Tóxico.
Façam um favor a vocês mesmos e não assistam ao Vingador Tóxico na mostra Rio. Ruim até como filme trash. Sem graça, violência besta e sem sentido, tudo uma bobeira sem fim. Falam de subversão. Subversão é o John Waters no seus filmes antigos, até mesmo no Cecil B. Demented ele manda muito melhor que essa merda ae. Vão fazer alguma coisa mais útil, tipo dormir ou assistir o programa do João Kleber.

quinta-feira, setembro 27, 2001

O Festival de Cinema do Rio começa hoje e como um bom bloggeiro arrogante e pretensioso eu vou colocar aqui os filmes que eu achei bons e que recomendaria para amigos. Não tenho (nem nunca tive) nenhuma pretensão de realizar o trabalho de um crítico e tudo que eu já disse sobre alguma obra por aqui foi a minha opinião pessoal. Mesmo porque isso aqui é um site pessoal e é quase minha obrigação de escrever nessa desgraça tudo o que eu quiser, sem pensar se alguém vai gostar ou não. Isso é agressivo? Egocêntrico? Autista? Não meu filho, é o mundo maravilhoso da web, aonde você só vai aonde quiser. Saca? É o Narrowcasting, palavra que meu amigo Nicholas me ensinou. Meu público que 4 leitores fiéis deve entender o que eu estou querendo dizer. São as recomendações que eu faria pra um amigo que pedisse minha opinião. Eu sei que vocês não pediram e a grande maioria nem se interessa pelo que eu vou dizer aqui, mas como eu já disse...

Uma História real e Mulholland Drive, de David Lynch.
O primeiro é o primeiro filme do diretor a ser distruibído pela Disney e trata de uma história doce e triste de um velhinho que viaja em um cortador de grama para visitar o irmão doente. O segundo ganhou melhor direção em Cannes ainda esse ano e como o primeiro deve ficar anos na geladeira antes de estrear por aqui.

Apocalipse Now Redux, do Coppolla
Assistam porque esse não vai sair no cinema por causa das singelas 4 horas de projeção. Levem uma fralda geriátrica se não quiser sair pra ir ao banheiro.

Le Pornographe, de Bertrand Bonello
História de um velho diretor de filmes pornôs, que entra em crise com seu filho e sua vida. Bem legal, feito por um cara novo no ramo que pelo visto manda bem. Contém cenas de sexo explícito, não leve sua avó pra assistir.

A medida que eu for vendo mais coisa vou escrevendo aqui. Outras dicas:

1- Prefira assistir filmes com legenda eletrônica, filmes já legendados em português geralmente são lançados em circuito pouco depois do festival enquanto os outros podem passar anos na geladeira e se bobear sairem direto em vídeo

2 - O Ingresso.com.br está vendendo antecipado os ingressos de algumas sessões, bom se você quer mesmo ver um filme. Só presta antenção porque os horários do festival podem mudar e eles NÃO dão reembolso se isso acontecer.

3 - Cuidado com a horda de mongóis que invade os festivais. Estou falando daquela galera que aparentemente nunca foi num cinema da vida e teima em comentar cada cena do filme dentro da sala de projeção e dá gargalhadas de 5 em 5 minutos, mesmo se o filme for uma tragédia grega.

4 - A contracampo, que é uma revista de cinema formada por gente que leva o assunto a sério como pouca gente no Brasil hoje em dia, está fazendo uma cobertura ótima no site deles, se quiser uma opinião mais confiável que a minha, olhem o site que vale a pena.

terça-feira, setembro 25, 2001

Toma aí uns comerciais japoneses esquisitos.

segunda-feira, setembro 24, 2001

Entrevistas com os cumpadis Elesbão e Haroldinho no JB, leia aqui!

quinta-feira, setembro 20, 2001

No Newsarama alguns comentários dos autores pensantes que fazem quadrinhos, como o Tio Eisner e o Grant Morrison, que faz um comentário interessante.
A crítica ao filminho perverso que atende pela graça de AI gerou uma nota no Jackie Miller e uma resposta de Rodolfo Rodrigues, da Rudwolf Black Design.

quarta-feira, setembro 19, 2001




A.I. é o filme mais perverso dessa temporada nos cinemas. Não é ruim no sentido de ser um filme ruim, é ruim no sentido de ser mau, diabólico, angustiante. Dá muita pena do Kubrick que deve estar se revirando na tumba ao ter seu nome associado a esse aborto da natureza. Vamos direto aos fatos, porque penso que esse post será bem grande. E já vou avisando que vou revelar várias cenas do filme aqui, então se você não viu, teje avisado peregrino!

David, do you wanna play a game of chess?
O menino robô David, como vocês já devem saber, é o protagonista dessa história. É o primeiro de uma série de robôs que supostamente podem ter sentimentos (coisa que não é bem explicada, já que todos os outros Mecas do filme parecem agir como seres humanos, só um pouco menos creepy do que o David) e é enviado a uma família que tem o filho em coma prum betatest. É o personagem que o público devia amar durante o filme, mas o moleque na verdade é um sociopata perigoso que precisa de amor incondicional, extremamente egoísta e violento quando contrariado. Eu estava pensando que fosse um personagem feito para ser odiado mas quando percebi que o cinema todo se identificava com o pequeno monstro eu realmente fiquei preocupado. A cena em que ele mata violentamente um outro robô com o mesmo rosto é impressionante. Como que as pessoas conseguem amar esse troço? E o pior, como o diretor consegue ama-lo e muito provavelmente se projetar ali? Ao meu ver a única explicação é o fato do protagonista ser um bacuri bonitinho. O que é muito preocupante, porque no fim o que conta é o aspecto externo da coisa. Tenha medo, tenha muito medo.

"Sorry I didn't told you about the world."
A.I. é um elogio do escapismo, da vitória da fantasia sobre a realidade. O "mundo de verdade" do Spielberg é um lugar horrível, aonde todos conspiram contra o protagonista inocente por ele ser "sensível", uma vítima de um mundo cruel. David se realiza quando consegue sua mãe lhe amando incondicionalmente por um dia, "um dia perfeito, sem seu pai e seu irmão", mesmo que seja fantasia. É esse dia de fantasia que faz David se tornar um menino de verdade, no seu autismo.

Roteiro, que roteiro?
Quando o Spielberg fala que estava a anos sem escrever e voltou só para fazer o roteiro do A.I., você pode acreditar nele. O roteiro parece ter sido escrito por uma criança. Personagens somem e aparecem sem explicação, com personalidades que mudam o tempo inteiro e que se calam por horas e voltam a falar subitamente, . Váááárias soluções Deus Ex Machina, paradoxos científicos (um robô que morre se comer, mas que pode ficar embaixo d'agua por horas?) e uma infantilidade tremenda. O final dispensa comentários, por favor.

O texto inteligente de Spielberg
Em entrevistas recenetes o diretor tinha mandado que "tinha tocado em assuntos muito barra-pesada nesse filme" incluindo coisas sobre sexualidade muito sérias. Caceta. O que é uma coisa séria sobre sexualidade pro Spielberg? Um robô gigolo? Rouge City com suas metáforas sexuais infantilóides, como os túneis em forma de boca feminina? Meu Deus.

Auto-referências, Simbolos e tudo mais
Spielberg, se achando um diretor inteligente e cheio das sacadas resolveu inventar um monte de referências nesse filme, a maior delas sobre sua própria obra. A conclusão que chegamos é que o cara se acha um mito do cinema. Não acredita? Pois bem, peguemos por exemplo "Contatos Imediatos do Terceiro Grau". No momento eu consigo lembrar de: a luz do balão em forma de lua surgido atrás do morro por detrás do Gigilo Joe, David saindo desfocado de dentro do elevador em sua primeira aparição e os aliens do final. Spielberg também quis ir mais além e se utilizar de simbologia nesse filme. Os resultados são novamente, infantis. Se você prestar atenção por exemplo, em quase toda a metade do filme e um pouco no final, a cada momento que David é focalizado um lustre, uma peça de decoração ou de mobília atrás de sua cabeça dá a impressão de uma auréola na cabeça do pirralho. Óbvio e bobo como poucas coisas podem ser.

O Aspecto Formal
Não existe a mínima coesão formal no filme. O mundo claramente inspirado em "2001" da primeira parte se transforma em uma mistura de Mad Max e Blade Runner na segunda e na terceira. Todos os elementos do filme são dispersos e completamente destacados, as peças técnológicas mudam bizarramente de estilo de acordo com a atmosfera que se quer criar e algumas coisas parecem estar ali só para poder mostrar como a IML pode fazer efeitos especiais interessantes. Algumas coisas são tão alienígenas no meio do filme que doem na vista, como o Balão-lua e os motoqueiros saídos de Tron.

Violinos, por favor
A trilha sonora fede. Fede como poucas coisas no mundo.

E é isso. Pra mim o Spielberg devia ser queimado em uma estaca ou enviado para uma temporada em um hospício. O cara é um perigo para a sociedade. Gravemos na memória os filmes bons que ele fez, como os Indiana Jones e... bem, como os Indiana Jones. E tenha mais medo ainda, o próximo projeto dele é "Minority Report", baseado em um conto de Philip K. Dick. Preparem-se pra mais uma destruição do trabalho do que pode ser o melhor escritor de Ficção científica do mundo.

Quer mais? Lê a crítica do Ruy na Contracampo, principalmente o último parágrafo.

terça-feira, setembro 18, 2001

No Museu Nacional de Belas Artes está rolando a exposição Geração Digital que tem muito pouco de digital e apresenta trabalhos de artistas novos no pedaço. Algumas coisas boas, outras nem tanto e umas poucas bem ruins. Entre as boas (sem puxar a brasa pra sardinha dos meus amigos) confiram as obras do Elesbão e do Haroldinho, da Nina Gaul e do Nobu. Elas estão entre as melhores, sem jabá.
Porque o governo americano é covarde ao ponto de inventar uma história ridícula sobre os passageiros do quarto avião sequestrado terem lutado com os terroristas e derrubado o avião ao invés de assumir que ele foi abatido pela força aérea do país? É um ato compreensível, afinal a porcaria do avião não iria atingir algum local habitado e causar mais mortes? Não foi mesmo a decisão certa? O Bush precisa tanto da aprovação popular que não pode ter nenhuma sujeira na sua imagem a partir de agora, mesmo que seja uma sujeira altamente aceitavel dentro da emergência que estava acontecendo.

Tá na hora de mudar de assunto, não é? Já vem um post diferente aê.

segunda-feira, setembro 17, 2001

Segura o Chomsky, amarra o Chomsky, segura o Chomsky, Chomsky, Chomsky, Chomsky, Chomsky. Leiam que o Chomsky é rei. E de acordo com fontes confiáveis, como eu já relatei nesse periódico internético, ele dancou essa músiquinha supracitada em sua visita ao Brasil, no Rio de Janeiro, Lapa, depois de muita cachaça. Então, tem melhor?
Olha. Eu achei que esse relato de um objeto estranho encontrado nas filmagens do impacto no world trade center fosse palhaçada conspiratória de segunda. Mas ao olhar as gravações da Fox, parece realmente que uma coisa passa ali atrás. Jato? Missíl? Disco voador? Façam suas apostas.

sexta-feira, setembro 14, 2001




Se vamos, vamos com estilo:

Then it’s war!
Then it’s war!
Gather the forces!
Harness the horses!
Then it’s war!

Freedonia’s going to war!
Each native son will grab a gun.
And run away to war!
Feet will beat along the street to…
War!

We’re going to war!
At last the country’s going to war
It seems the country’s going to war.
At last the country’s going to war.
We’re going to war!


A música, aqui.

quinta-feira, setembro 13, 2001

"This is not the war of democracy versus terror that the world will be asked to believe in the coming days. It is also about American missiles smashing into Palestinian homes and US helicopters firing missiles into a Lebanese ambulance in 1996 and American shells crashing into a village called Qana and about a Lebanese militia ­ paid and uniformed by America's Israeli ally ­ hacking and raping and murdering their way through refugee camps." And much more. Again, we have a choice: we may try to understand, or refuse to do so, contributing to the likelihood that much worse lies ahead.

Calvin One manda, texto do Noam Chomsky sobre o atentado. Essencial pra quem quer entender mais sobre os dois lados do problema. Se quiser ler a versão em inglês, que tem mais dois parágrafos, clica aqui.
É no mínimo nojento ver como os EUA estão anunciando a luta contra o terrorismo como a luta do "bem contra o mal". Todo mundo sabe que existe muito mais coisa envolvida nisso. Como o Saddam disse "Os EUA estão colhendo os espinhos de sua política internacional". No país que é a representação viva do bem sobre a terra 94% da população quer guerra (não se sabe contra quem, provavelmente contra o oriente médio inteiro porque eles acham que tudo por lá deve ser controlado pelo Saddam) e as comunidades islâmicas já estão sendo alvo de ameaças e de atiradores. Ontem a tarde o Estadão mostrou uma foto de uma pichação na poeira do WTC : "Kill Arabics". Coitados dos motoristas de taxi de NY.

Mas nada justifica aquele atentado, não me entendam errado.

quarta-feira, setembro 12, 2001

Provavelmente impulsionados por um medo terrível de chocar o público e consequentemente perder milhões de dólares a indústria do entretenimento americana e britânica está revendo qualquer material que contenha qualquer coisa que lembre de longe o atentado ao WTC. Na inglaterra o filme "A Senha (Swordfish)" foi retirado de cartaz, nos EUA o trailer do filme do aranhoso que mostrava as torres foi retirado do site, a produção do filme novo do Schawaza que começava com uma cena de um homem colocando explosivos em um arranha-céu está suspensa e o novo jogo da Eletronic Arts chamado Majestic está em observação.

Das duas uma: Ou qualquer obra que contenha uma leve referência ao terrorismo vai se tornar tabu ou o público vai ficar fascinado com os produtos do gênero e nós vamos ser inundados com milhões de filmes catástrofes e similares. Como o Jabor disse ontem no Globo, todo o povo da américa do norte tem essa relação de amor e ódio com o país meio esquisita.
E pra piorar a situação, os americanos já estão começando a plantar provas pra justificar uma reação. Fala sério, quem acredita que o terrorista ia deixar pra trás uma mala com um "manual de pilotagem em árabe" ?
Cristiano Dias, direto de Nova York manda um textinho certeiro sobre a visão distorcida sobre o atentado que o Bush está promovendo. Só pra lembrar que os EUA tem sim culpa no cartório. Nada que justifique o assassinato dessa quantidade assustadora de pessoas, óbvio.
A dois dias atrás eu estava falando aqui como que os noticiários pareciam cada vez mais com um filme ruim. Pois bem, o dia de ontem foi a confirmação máxima disso, todos os meios de comunicação do mundo inundados com imagens e sons completamente irreais. E eu pessoalmente acho que encarar todo o desastre e a morte de pelo menos 10 mil pessoas como um blockbuster, no seu aspecto de irrealidade, é o que impede as pessoas de enlouquecerem.

Ou não, pode ser pior. Talvez ver todo aquele mundo de pessoas morrendo de uma forma horrorosa pela tv já não tenha mais efeito, pelo menos não o efeito que deveria ter. 10 mil mortos pelo menos, civís e inocentes. Gente com família, amigos, sonhos, o pacote completo, se atirando de cabeça pelas janelas de dois dos edifícios mais altos do mundo ou morrendo queimadas, esmagadas, sufocadas ou esfaqueadas por terroristas dentro dos aviões cheios de passageiros que foram usados como bomba. Agora pela manhã os bombeiros que sobreviveram ao desabamento (260 morreram) relataram que ainda conseguem ouvir as vozes de pessoas soterradas gritando por socorro. Talvez o mundo já esteja todo anestesiado.

Os EUA com sua arrogância e prepotência, tentando ser o síndico do mundo mas sem assumir as responsabilidades, conseguiram se tornar alvo de um ódio mundial e consequentemente alvos do maior ataque terrorista da história que desfigurou a paisagem urbana mais conhecida do mundo e matou muita, muita gente. 10 mil, rapaz. Pensa só nisso: 10 MIL.

O que eu não daria pra não ser humano agora.

terça-feira, setembro 11, 2001

Diz aê. Só eu que sinto vergonha de ser gente nessas horas?



Foi um prazer conhecer todos vocês hein. Bom inverno nuclear pra todo mundo.

segunda-feira, setembro 10, 2001

O "Dom da Premonição" dirigido pelo Sam Raimi e em exibição nos cinemas desde a semana retrasada é uma bomba sem tamanho. O maior culpado na minha opinião é o Sr. Angelina Jolie, Billy Bob Thornton, que foi o responsável pelo vômito impresso que é o roteiro desse filme. A idéia é uma bem batida: Cartomante de cidadezinha americana cheia de white trashs tem sonhos que a levam ao responsável por um assassinato. Quantas veses você já viu isso? Mas até aí normal, Hollywood é a maior recicladora de idéias do mundo. O problema é que tudo na história é um lixo sem tamanho. O personagem principal é o pior, tendo que constantemente agir como uma imbecil pra história poder fluir ou então mudando rápidamente de personalidade, como todos os outros do filme. O personagem do maluquinho (personagem que o pseudo roteirista adora) tem umas cenas feitas cuidadosamente para chocar o público e causar aquela impressão de "Ah, como o pequeno Billy trata de temas tabus!", algo como o primeiro filme do Tim Roth, "Zona de Conflito". O final usa um dos clichês mais batidos e sem graça de toda história do cinema de horror ocidental, pra fechar com chave de ouro toda essa bobajada.

Tava revendo o Sam Raimi aqui e acho que cheguei a conclusão que o único filme dele que me diverte mesmo é o Darkman. E ele que vai dirigir o filme do aranhoso que estréia ano que vem. Sei lá, bicho.
Quem encontrar as duas luas marcianas desaparecidas favor entrar em contato com a NASA.

quinta-feira, setembro 06, 2001

O globo anuncia: Mudança em gene torna vírus da gripe mortal. É o que eu digo, os noticiários cada vez mais parecem saídos de filmes americanos de segunda.
Se você tiver 10 minutos, dê uma lida no texto integral do conto Memento Mori de Jonathan Nolan, irmão do diretor do "Amnésia" que óbviamente é baseado nele. O conto não é um Whodunnit como o filme e é muito, muito melhor. Mesmo.

O texto inteiro foi publicado na Folha a alguns dias e eu estou reproduzindo aqui.

quarta-feira, setembro 05, 2001

Continuando a série iniciada pelo Sérgio Dias, apresentamos um livro do senhor Suruba. Dica do Dadá.


Primeiro expliquemos o conceito de Whodunnit. Whodunnit é um filme, livro ou qualquer outra coisa aonde o espectador passa toda a duração do espetáculo tentando resolver um problema, que no caso clássico se resume a algo como "quem matou Odete Roitman?". Sacaram? Pois bem.

Memento (Amnésia) não é mais que isso, um Whodunnit com pinta de noir contado de trás pra frente. É um pouco modernoso, mas não tão afetado quanto o David Fincher e seus clones, bem feitinho, coisa e tal. Os problemas são algumas bobagens sobre a relação entre a realidade-fatos-memória que o protagonista desmemoriado fala (tipo, a realidade é a memória e não os fatos, sacam? "O mundo continua lá quando eu fecho os olhos", não continua, bicho! Ele só está la quando você abre os olhos. Mas passemos ao próximo ponto.) e o fato de ser um Whodunnit. O ponto fraco desse tipo de obra é o seguinte: Quando você descobre o segredo final a obra perde a graça. Se você reler o livro ou rever o filme nunca você vai ter o mesmo impacto, percebem? Também tem o lance do filme inteiro ser um jogo aonde o espectador luta contra o diretor querendo descobrir a solução antes do fim.

Vou te dizer, não achei ruim não, achei divertido, mas eu sou suspeito pra dar opinião sobre filmes policiais. O problema é que esse filme tinha um potencial bizarro, a idéia de um narrador que perde a memória de 10 em 10 minutos é muito boa e podia ter sido muito melhor aproveitada. E prum filme que trata dessa confusão mental da memória e do tempo a narrativa é completamente linear. Linear demais. E no fim acaba sendo somente isso: um whodunnit contado de trás pra frente, nada de mais.

Agora um ponto que merece ser discutido a parte. É impressionante a preguiça (ou incapacidade) mental dos que vão assistir esse filme e não entendem nada. Fala sério. É só um filme ao contrário, a história é explicada quase nos mínimos detalhes. Não entender alguma coisinha ou outra que ficou perdida é normal, mas não entender nada? Necas? Fala sério. Se você vai ver, sei lá, o Rei Lear do Godard e não entende eu acho normal. Mesmo porque eu mesmo não entendo. E é normal, eu não tenho todas as referências necessárias pra entender esse filme. Se você vai ver o A Estrada Perdida (um dos filmes da minha vida) e não entende eu acho normal. Não porque você não tem as referências, mas porque é um filme com uma história não linear, esquisita e principalmente: não existe o que ser entendido. Tudo no padrão David Lynch de qualidade e estranheza. Normal. Agora você vai ver Memento e não entende porque é um filme ao contrário? Faça-me o favor.

Como Juju disse, o público não quer só uma coisa mastigada, o público quer uma coisa mastigada e cuspida na sua cara. O que é bem verdade.

terça-feira, setembro 04, 2001

O jornal carioca O Dia anunciou que estará dando uma nova versão da bíblia, com "a linguagem dos dias de hoje". Aqui, em primeira mão, uma prévia:

Os Dez Mandamentos, na linguagem dos dias de hoje.

1) Não pratique artesanato.
2) Não arrume outro Deus. Ou então tenta a sorte que meu corpo é esse.
3) Não fale meu nome a toa.
4) Não fará hora extra aos sábados.
5) Respeite os mais velhos.
6) Não encherá ninguém de azeitona.
7) Mulher do vizinho pra você é homem.
8) Não serás trombadinha.
9) Não será X9.
10) A inveja é uma merda.

Aqui, um link de suporte para essa piada, com o texto original.