segunda-feira, setembro 30, 2002

O King Kong da imprensa brasileira.

Semana passada o modelo carioca Pedro Andrade foi a um programa televisivo explicar se último grande feito: ter vencido Matt Damon e conseguido o papel principal no novo filme do David Lynch, "Our Lady of Sorrow". Para isso, teve que passar por um teste que consistia em ficar completamente imóvel sob uma luz forte durante 20 minutos ("Mais tarde Lynch me contou que os outros se mexeram, falaram ou riram. Eu não, não fiz nada."). O diretor, conhecido por seus filmes que abusam do surrealismo e do absurdo, ficou muito feliz com a atuação do modelo e imediatamente o escalou para trabalhar com Kristen Dunst na sua nova produção.

A filmagem foi receheada desses elementos que habitam o imaginário que foi criado ao redor de David Lynch. Inclusive uma cena aonde o modelo teria que entrar em uma sala e se surpreender com cadáveres espalhados pelo chão. Cadáveres de verdade: "Fiquei sabendo, pouco antes de gravar a cena, que o diretor não usaria atores. Lynch teve o cuidado de não me deixar vê-las antes de começar a rodar porque queria captar minha expressão mais verdadeira quando eu entrasse no quarto e desse de cara com aqueles cadáveres".

Logo depois da entrevista, grandes jornais e revistas do brasil (Folha, Veja, Istoé, O Dia) relataram a mesma história, com novos depoimentos de Pedro e tudo mais. A imprensa internacional nada sabia do assunto. Na época em que o rapazola dizia ter trabalhado nas filmagens, Lynch estava em Cannes presidindo o festival, fazendo um domentário sobre o mesmo para seu site oficial, dirigindo a série Rabbits para o mesmo site e dando várias entrevistas aonde dizia não saber qual seria seu próximo projeto e que no exato momento estava empenhado em produzir material para web e procurar idéias para um possível próximo projeto. Pois bem.

Ontem o diretor desmentiu pessoalmente em um chat do DavidLynch.com que tivesse alguma coisa a ver com o "Our Lady of Sorrow". Duas vezes.

Moral da história? A imprensa brasileira é uma merda. E esse modelo é um gênio do marketing pessoal.

sexta-feira, setembro 27, 2002

Tiago Teixeira no maravilhoso mundo do festival do rio BR 2002, parte 1.

Antes que alguém diga que meu esforço é inútil e que a chance de alguém se dispor a assistir um filme que eu mencionei aqui é ínfima, deixo claro que os textos que estou colocando no blog durante o Festival do Rio 2002, além de serem uma dica para os conhecidos que se importam com a minha opinião é também um exercício pessoal para tentar aguçar um pouco mais a minha capacidade de análise das fitas que vou assistir no festival. No ano passado fiz o mesmo e a minha memória do que eu assisti continua intacta, o que pra uma pessoa como eu, dada a esquecer aonde estacionou o carro 3 vezes por semana, é uma coisa impressionante.

Deixado isso claro, e lembrando que um dos meus objetivos em manter esse blog é escrever oque me der na telha, começo aqui as minhas indicações para o festival desse ano.

Que rufem os tambores! Ou não!



Spider, de David Cronenberg

Uma das vedetes do festival, o último Cronenberg conta a história de um homem perturbado tentando registrar e reviver sua infância depois de ser liberado do hospício. Sendo um dos bam-bam-bans das grandes atmosferas, o diretor cria um mundo torto para um personagem torto e consegue fazer com que vejamos o mundo pelos olhos do Spider. Eu tenho um problema com a estrutura do filme, que é montado para ter um final surpreendente que pode ser previsto se você prestar atenção em alguns detalhes, mas mesmo assim a Aranha do Cronenberg é um filme forte e interessantíssimo. Ricomendo.

A Hora da Religião (Ora di religione (Il sorriso di mia madre)), de Marco Bellochio

Pintor descobre um plano de sua família para canonizar sua mãe e tem que lidar com as intrigas e meandros da igreja católica italiana. Achei um filmão.

Revolutionary Girl Utena (Shoujo Kakumei Utena), de Kunihiko Ikuhara

Utena foi uma óbvia forçação de barra da direção do festival que pegou um longa que conta o último episódio de uma série televisiva que já tem um enrredo complicado e surreal, tranformando o longa em uma obra ddadaísta e dessa maneira podendo enfiar ele na midnight movies. Se estiver de bobeira e querendo assistir alguma coisa realmente esquisita, manda ver.

Entre Casais (Halbe treppe), Andreas Dresen

A desmoralização definitiva do Urso de Prata. Uma bela porcaria descendente do igualmente detestável do Dogma 95.

Domingo Sangrento (Bloody Sunday), Paul Greengrass

Drama meio documentário sobre o evento homônimo acontecido na Irlanda, interessante, levemente publicitário, nem muito bom, nem muito ruim, vejam aí se quiserem se revoltar contra a Inglaterra ou contra a humanidade como um todo.

Feitiço de Xangai (El embrujo de Shangai), Fernando Trueba

Um filme de rito de passagem sem rito de passagem em uma produção milionária e bem filmada. Fuja.

Full Frontal, Steve Sodembergh

Sodembergh tava lá chateado depois de ter feito o ótimo 11 homens e um segredo porque ninguém reconhecia ele como um artista e sim como um bom diretor de filmes comerciais. Aí arrumou dois milhõeszinhos com produtores conhecidos, juntou seus amigos atores e fez uma piada de duas horas usando várias técnicas e equipamentos diferentes de filmagem. Tem algumas piadas boas, mas tipo, não é um filme, é só uma bobagem de um diretor que precisa de atenção. Já pra cama Sodebergh, e sem jantar.

A Viagem de Chihiro, Hayao Miyazaki

Desse aqui eu já falei demais nesse blog. Essencial, uma das obras primas do Miyazaki (e são várias). Vejam rápido.

Essas são as minhas dicas. Tudo meio corrido, mas eu acho que o essencial está aí. Claro que se você estiver procurando uma opinião de gente mais séria do que eu, corre lá na Contracampo, peregrino! Aproveita que eu dei até uma melhorada no design dessa edição, enquanto eu não refaço todo a bagaça. Um dia.

quinta-feira, setembro 26, 2002

Juju e Ruym também são Players!

quarta-feira, setembro 25, 2002

Prédio desabando na Primeiro de março, quebra pau entre camelôs na Uruguaiana, Trio Elétrico da mãe loura na Rio Branco (com direito a própria vestida de super-funkeira) e Rosinha sendo entrevistada no Globo na Cidade Nova. Diz aí, Nostradamus previu isso né?

terça-feira, setembro 24, 2002

Querendo fazer uma apresentação em power point shagadelica? Baixa o Austin Powers-Point.

segunda-feira, setembro 23, 2002

Ninguem entendeu Amelie Poliana como o Metaphilm.

sexta-feira, setembro 20, 2002

Adendo ao tempo abjeto

Sobre o tempo verbal abjeto apontado pela Go Gonzo Girl, aquele utilizado pelas pessoas que falam "Eu estarei fazendo isso às 3 horas." porque acham o "I´ll be doing it" do inglês muito bonito, eu gostaria de esclarecer algumas coisas para a negada que é chegada nessa mania iniciada em Sâo Paulo:

"Ele tem um ponto." ("He´s got a point.") significa no máximo que o sujeito se machucou e foi medicado com agulha e linha.
"Isso é o estado da Arte..." ("That´s the state-of-the-art...") significa que a produção cultural do seu estado é farta e interessante.
"Ele realizou que..." ("He realized that...") significa que que você plantou um filho, escreveu uma árvore ou teve um livro, enfim, realizou alguma coisa e não percebeu alguma coisa.

Moral da história: Se vocês vão canibalizar alguma expressão ianque pelo menos mudem alguma coisa, façam alguma transgressão no estilo antropofágico, não se limitem a traduzir a coisa ao pé da letra como um exercício de surrealismo. Dammit.

quinta-feira, setembro 19, 2002

Não vou votar no Lula porque ele não fala direito.
Não vou votar no Lula porque ele não vai representar o Brasil bem no exterior.
Não vou votar no Lula porque ele não fez faculdade.

Eu falo direito, sei inglês e arranho no francês, fiz faculdade e tenho cinco dedos em cada mão, porque vocês não votam em mim pra presidente?
Cine Copacabana dará lugar a uma academia

Isso não é um bom exemplo das prioridades da sociedade de hoje em dia?

quarta-feira, setembro 18, 2002

Olha a onda, olha a onda...





De cima pra baixo, Helena Ignez, Paulo César Pereio e Ferrugem.
Homem viaja para uma cidade do interior tentando resolver um crime e topa com vários personagens bizarros e situações esquisitas. Twin Peaks? Quase, é ´Push, Nevada´ a nova série altamente original criada por Ben Affleck.

Vai ser exibido pela ABC, a rede de Tv que mais sacaneou o David Lynch.

segunda-feira, setembro 16, 2002

A Síndrome do Sivuca



Diante de sua TV, aquele cidadão pacato e respeitadouro das leis recebe as notícias daquele grande ato criminoso que está acontecendo nesse exato momento. Súbtimo, Tremores em sua pálpebra esquerda e espamos em sua coluna cervical começam a surgir. Suas pupilas se dilatam e uma veia grossa pulsa em sua testa. Em segundos o homem está coberto de suor e com os dentes trincados, ele levanta de supetão e atira o controle remoto contra a parede:

- MATEM TODOS ESSES FDPS!!! RUAAAARGH!!!

Não adianta negar, você com certeza já foi vítima ou conhece alguém que sucumbiu à síndrome do Sivuca, que ganhou o nome do selvagem político do mesmo nome. O sintoma mais claro é aquela voz ribombante dentro do seu crânio que grita " Bandido bom é bandido morto" a cada 3 milésimos de segundo. A duração das crises varia. Pode ir de alguns segundos ou durar por anos a fio, sendo que casos crônicos da doença já foram verificados, principalmente em apresentadores de programas policiais.

Assim como a AIDS, a Câncer e os Soluços essa mazela não tem cura mas durante as crises, uma boa maneira de controlar o indivíduo acometido pelo mal é atingir a cabeça do mesmo com um objeto pesado, de preferência sem corte. Uma outra maneira, muito menos eficaz, é tentar convencer a vítima de que se um bandido é quem cometeu um crime e se assassinato é um crime, então o executor do bandido também será um criminoso e seguindo essa linha de pensamento, deverá ser igualmente executado. Mas essa técnica é ineficaz na maioria dos casos, sendo que na mente do afligido 2000 anos de civilização vão pelo ralo e a Lei de Talião começa a parecer altamente lógica.


Caro Tonho,

Sou grande admirador de seu trabalho e tenho acompanhado a sua carreira nacional e internacional (parabéns por Cannes!). Mas uma dúvida me corrói. Não consigo entender aquele comercial de cerveja aonde para seduzir seu namorado uma mulher passa cerveja no corpo e nas roupas íntimas. Você poderia me explicar essa peça?

Alberto Moura


Mourinha, grande sujeito!!! Pode deixar que eu tiro esse peso das suas costas, Mouróvisky! Esse comercial de TV que você menciona é simplesmente GENIAL! Super lúdico e com um conceito fascinante. Ele é o supra sumo de toda a publicidade feita para cervejas em geral, que em 99% dos casos juntam cerveja e virilidade em um mesmo pacote!!! Afinal, sexo é a maneira mais fácil de vender seu produto! A moça que consegue seduzir o sujeito usando cerveja como creme nivea mostra isso com primor: A cerveja é tão boa que consegue até fazer uma biba louca se interessar por mulher, dessa maneira agregando valor ao produto!
"Turma do Gueto", da Record, vai tirar negro da posição de coadjuvante.

É impressão minha ou essa frase é altamente paradoxal ?

sexta-feira, setembro 13, 2002

The complete HP Lovecraft Search Engine.
Yeah, baby!



Dos anos 90 pra cá, você poderia observar um padrão perfeito que acontecia em 90% dos filmes que conseguiam uma continuação. O padrão da queda de qualidade, que se caracterizava pela redução da mesma em progressão geométrica à cada sequência. Se o primeiro filme era bom, inadvertidamente o segundo seria fraco e o terceiro intragável. Se uma quarta sequência fosse produzida ela possuiria uma tendência a se tornar um cult entre os adoradores do cinema bizarro.

Lentamente parece que a tendência está se invertendo, com algumas continuações (raras ainda) que quase conseguem fazer jus ao filme original, como era tão comum na idade de ouro das trilogias, os anos 80. Temos aí, se você lembrar, o MI2 ou o Toy Story 2 por exemplo. Claro que outros realizadores não conseguem se livrar dessa tradição tão cara à Hollywood, como os que produziram pérolas como o segundo MIB, o terceiro Batman e Robin, a saideira do Robocop ou os todos os outros Halloweens.

E Mike Myers estava animadíssimo pra fazer parte do time com seu Austin Powers 2. Bem inferior ao primeiro, o filme anunciava um canto do cisne assustador para o personagem, e eu sinceramente esperava uma bomba maior que Enola Gay. E adivinha só? Errei feio.

Não me pergunte o que aconteceu, peregrino. Mas a verdade é que Austin Powers 3 é um filme muito, muito engraçado. Mais engraçado que o segundo E o primeiro juntos. A sequência de abertura surpreendente (uma piada que já foi estragada por milhares de críticos de jornais de grande circulação que contaram a punchline da mesma.) é só o começo de uma série de piadas que variam entre um humor sofisticado e cheio de referências pro toilet humor mais grosseiro sem perder a graça. Até o Fat Bastard (o Roberto Jefferson do Myers) está engraçado. Não que ele chegue perto do bizarro e políticamente incorreto Goldmember.

Só podia ser melhor se o Sean Connery tivesse feito o papel do pai de Austin, no lugar do Michael Caine. Mas aí seria pedir demais.

quarta-feira, setembro 11, 2002

MEU DEUS! ... outro atentado... milhares de mortos... cacete...

A-ha! Peguei vocês!

terça-feira, setembro 03, 2002

Surreal é abrir a janela e ver esse kibe gigante voando no céu da sua cidade.



Provavelmente vai ser inútil e não deve resistir a um tiro de estilingue. Mas é muito style.