O Mundo x John Carpenter
Como já se tornou praxe, o novo filme de John Carpenter, 'Fantasmas de Marte', já estreou no Rio de Janeiro sendo um fracasso de público e de crítica. Depois de acompanhar durante sexta-feira última os vários segmentos da imprensa não-especializada espinafrando o filme fui assistir o mesmo (mal projetado no cinemark downtown, diga-se de passagem) com a companhia de umas 15 pessoas. Sendo que a metade deixou o filme antes do final. E o pior? O filme é bom, muito bom.
Uma das coisas que John Carpenter sabe fazer com louvour é construir um filme que se disfarca de ação ou terror de segunda que na verdade é uma obra de altíssima qualidade, exemplo de cinema comercial inteligente raro de se ver hoje em dia. Tudo isso regado com os ideais políticos de Carpenter, que é um dos diretores mais anarquistas de hoje em dia. E quando eu digo politizado não estou me referindo a aquela besteirada de gente da estirpe do Ken Loach não, nenhum filme do Carpenter é panfletário ou sentimentalóide.
A minha teoria é que esse 'disfarce' que o rapaz cria acaba por funcionar muito bem, enganando a crítica burra que parece não ter se dado ao trabalho de assistir ao filme, ou se o fez foi armada de todos os preconceitos possíveis. Então o público desavisado abre o jornal e vê uma crítica decendo o malho nem um filme chamado 'Fantasmas de Marte' e não pensa duas vezes: Vai assistir Senhor dos Anéis.
Não estou reclamando dos críticos que falam mal do filme (qualquer um tem o direito de achar o filme uma merda, da mesma maneira que eu tenho o de achar ótimo), mas sim dos que falam sem qualquer argumento válido. Quer um exemplo? Leia
essa crítica do JB ou então a crítica do Tom Leão no Globo na última sexta. Ambas são um exemplo ótimo.
E o filme? É uma beleza, Carpenter volta novamente a 'Onde começa o inferno', de Howard Hawks pra contar um faroeste em Marte, cheio de ação, humor negro e um subtexto anti-globalizaçao, começando pela tagline: 'Dessa vez, nós somos os alienígenas.'.