As expectativas não poderiam ser mais baixas. Nenhum James Cameron, uma Terminatrix (corroborando a tese de que qualquer filme Hollywoodiano atual tem que ter pelo menos uma mulher que possa sair bem nas fotos de publicidade e capas das revistas especializadas), um Swcharzenegger envelhecido e com delírios de grandeza. O plot? Novamente uma viagem no tempo? Novamente a defesa de John Connor como objetivo principal do robozão hell angel? O horror, o horror. Mais uma bela porcaria de caça níquel? Nem brincando.
Como os dois outros Ts, o 3 é um filme pessimista e descrente com uma humanidade cada vez mais bélica e descontrolada, apesar de ter um ótimo senso de humor não notado em nenhum dos outros longas da série. O verdadeiro gênio criminoso do filme não é um super programa de inteligência artificial, e sim o grupo humano que o gera para ter uma avançada arma militar. Connors e sua trupe lutam contra a inevitabilidade da libertação do Skynet e contra um futuro pré-determinado que vem assombrando os personagens desde a primeira aparição do primeiro exterminador.
Exterminador que volta pela terceira vez mais frágil e como ele mesmo diz, obsoleto. O T-800 é um modelo antigo, limitado, mais lento, fraco e com menos recursos que sua nova nêmesis. É um action hero das antigas que é substituído por uma modela de roupa colante tão equipada quanto um canivete suiço e que só deixa aos heróis a opção de fugir constantemente e transformar T3 em um road movie. Parece claramente a saideira do Arnoldão, que agora tenta uma carreira política seguindo uma trilha que Ronald Reagan e Clint Eastwood já exploraram antes.
Jonathan Mostow conseguiu extrair leite de pedra e produziu uma ótima sequência e mais ainda: um filme de ação macho como a muito tempo não se via. Sem firulas, sem slow motions, sem “fuiches”, sem bullet-times. Não que eu não goste dos voôs dos lutadores de kung-fu chineses ou de todos esses elementos que Hollywood está assimilando dos orientais agora, mas acho pouco saudável a dependência que o gênero está desenvolvendo nos cabos de aço e efeitos de última geração. T3 prova que não são as máquinas que fazem uma bela cena de ação, mas sim uma direção acertadíssima e uma edição precisa. Os efeitos computadorizados existem, óbvio, mas eles não são a razão da cena. E isso já é muito. Principalmente quando inserido em uma trama inteligente e que faz uma crítica pouco sutil ao comportamento americano atual.
Os outos cds do White Stripes são muito legais. Mas tem esse, o Elephant. Rapaz, vou te dizer uma coisa hein, é bom pra caramba. Mas tipo bom mesmo, vou confessar que eu estou ouvindo esse treco em todos os dias úteis e se eu parar provavelmente vão ter que me dopar pra eu não ter um cold turkey. Porque é tão bom? Sei lá peregrino, desconfio que é porque ele tem uma série de qualidades difíceis de ser encontradas nas bandinhas atuais, como punch sabe, que a gente pode traduzir como atitude, força, culhão, alguma coisa assim. E quando eu digo atitude não estou tentando soar como qualquer DJ da rádio cidade não, estou falando do produto autêntico aqui. Como juju disse, parece os Rollings Stones da época em que a boca do pai de Lucas Gimenez estava menos enrugada.
Falemos aqui de Milligan e Alred. Os dois tinham ficado a cargo da X-Force. Em uma edição eles jogaram anos de continuidade fora e criaram uma das abordagens mais interessantes no que tange os grupos super-heróicos: um bando de jovens egocentricos e arrogantes que lutam entre si e contra seus inimigos por mais espaço na mídia e contratos para estrelar comerciais. Essencialmente uma boy band com uniformes espalhafatosos e habilidades sobre-humanas.


