sexta-feira, fevereiro 23, 2001

O Novo site do Nick Cave está muito bem feitinho, tudo de muito bom gosto e bem organizado.
Todo carnaval é a mesma coisa. O povinho "indie", "alternativo", "underground" ou qualquer que seja o nome que a mídia está usando essa semana, começa a estufar o peito de orgulho e a soltar de cinco em cinco minutos: "Putz, eu odeio carnaval.". Nada de errado em não gostar de carnaval, as pessoas tem direito de gostar ou de desgostar do que bem entenderem. O problema é o orgulho em dizer isso. O orgulho em nadar contra o mainstream. Urgh.

quarta-feira, fevereiro 21, 2001

Gosto do Jabor, mas volta e meia ele tem uns ataques e desanda a falar besteira. Prova disso é sua coluna de hoje no globo aonde ele resolveu detonar o Tigre e Dragão. A crítica básica é que o filme "não é chinês", sendo o Ang Lee culpado de diluir o cinema do país para se adequar aos padrões fast food americanos. Tsc tsc tsc.

terça-feira, fevereiro 20, 2001

Já a seção de cinema do site deixa desejar. Só pra sentir um gostinho, olha a introdução da resenha sobre corpo fechado:

Se, por acaso, você sair chorando após assistir a Corpo Fechado e for chamado de idiota por causa disso, não dê a mínima. É batata que isso vai acontecer. Até porque existe muita gente mal-amada neste mundo. Mas liga não. O importante é ter a consciência de que se trata de um dos melhores filmes feitos em Hollywood nos últimos (muitos) anos."

Quem gostou de Corpo Fechado é feio, bobo e mulherzinha.
Entrevista com Eddie Campbell no Omelete, o site com o slogan mais escroto que eu já vi. Mas o conteúdo da parte de quadrinhos é bem legal, com muita coisa escrita pelo Jotapê Martins, provavelmente o maior tradutor de HQs do Brasil.

segunda-feira, fevereiro 19, 2001

Um recado pra todo mundo que fala no cinema aqui. E guardem essa url, 1001 utilidades.
Assitir o Tigre e Dragão em um cinema lotado é um ótimo teste pra sua paciência. Qualquer monge tibetano ia ficar com vontade de socar pelo menos meia dúzia de imbecis por ali. O filme é uma beleza, mas dividir ele com 250 pessoas é dose. É difícil aguentar os comentários espirituosos quando qualquer um dos personagens levanta vôo. (E eles levantam vôo mesmo, tudo com uma graça que já pôde ser conferida nas lutas do Matrix, que foram coreaografadas pelo mesmo chinês maluco.) Deve ser realmente muito difícil entender que uma pessoa pode voar sem estar vestindo uma capa e uma cueca por cima da calça. Mas voltando aos comentários, o melhor da noite foi:

"Poxa, que esquisito assitir um filme que não é falado em inglês né?".

Todos deveriam levar um gravador para as seções de cinema pra gravar esse tipo de coisa, porque contando ninguém acredita.

E sobre o filme, tomara que ganhe todos os Oscars que foi indicado mesmo, já que os boçais da academia ignoraram solenemente a Björk no Dançando no Escuro e o Wong Kar Way diretor do Amor à flor da pele, filmão que só está sendo exibido em dois cinemas no Rio.

quinta-feira, fevereiro 15, 2001

Chegou meu DVD do Transformers - The Movie. Agora eu tenho um dos clássicos da minha infância em com imagem e som digitais! E com as vozes originais, incluindo dubladores pouco conhecidos como Eric Idle, Leonard Nimoy e... Orson Wells (!?!) como Unicron, o maléfico planeta transformer que se alimenta de planetas não-transformers e que acha que o planeta natal dos transformers é algum tipo de ovo colorido azul, daqueles que você encontra nos melhores pé-sujos.

A verdade é que o Orson Wells estava na fase mais decadente dele, provavelmente sem dinheiro, gordo e acabado, chegando a falecer durante o processo de dublagem, provavelmente de desgosto. É por esse motivo que o Unicron se limita a grunhir durante boa parte do filme. É, meus filhos, um dos maiores diretores de toda a história do cinema dublando um desenho feito pra vender brinquedos, acreditem.

Então, como eu ia dizendo, fiquei emocionado ao ouvir aquela trilha sonora metal imunda novamente. Alguém lembra da cena do Boogie Nights aonde o Dirk Diggler ia fazer um teste numa tentativa de se tornar um cantor? Lembram da música que ele cantava? Então, essa é a música tema do filme e até hoje eu não entendi o que ela estava fazendo no meio do Boogie Nights. Vai ver o diretor era fã da série, sei lá. Não me olhem dessa maneira, esse filme foi um clássico da minha infância, eu já disse.

Outra coisa que sempre me intrigou sobre os transformers era o fato de eles conseguirem se tranformar em objetos muito menores do que suas formas originais. Era um fato corrriqueiro você ver um robô de 5 metros virando um rádio gravador ou até mesmo uma fita cassete (esses eram menorezinhos, tipo uns 2 metros). Tem uma cena clássica no filme aonde um decepticon chamado Astrotrain se transforma em um ônibus espacial e segundos depois uns 30 outros robôs entram dentro dele. Vamos lá pessoal, nem as crianças são tão burras. Tá certo que depois de um tempo eles inventaram uma desculpa esfarrapada para isso (eles seriam feitos de um metal especial que podia aumentar ou diminuir de tamanho usando "bolsões de espaço ultradimensional", por isso que os robôs produzidos na terra e não em cybertron não mudavam de tamanho, só de forma), mas é muita forçação de barra de qualquer maneira.

Foi baratinho, mais barato que um lançamento em dvd nacional, acreditem se quiser. A cd point, loja virtual aqui do rio, está com uns preços bem razoáveis em seus DVDs importados e merece uma visita. Autobots, scramble!

terça-feira, fevereiro 13, 2001

Entrevista com PJ Harvey na Cdnow.
O "Cassino Royale", que está sendo exibido no festival Peter Sellers no Telecine Happy da Net é provavelmente o filme mais engraçado do John Huston, e consegue reunir gente do naipe de Orson Welles, Peter Sellers, Woody Allen, Jean-Paul Belmondo, Usula Andress, David Niven e Burth Bacharach. E o filme pode ser considerado uma espécie de pai pro Austin Powers, que é um descendente direto do primeiro, com algumas cenas bem parecidas e até mesmo algumas músicas que se repetem na trilha sonora (como "The Look Of Love", de Dusty Springfield e a presença do próprio Bacharach). Se bem que o Mike Myers substituiu tudo que o Casino Royale tinha de lisérgico e nonsense por piadas grosseiras (que também são engraçadas na maior parte do tempo.). É uma questão de estilo, no final das contas.

segunda-feira, fevereiro 12, 2001

O show do Yo La Tengo no Ballroom no Rio foi um lixo total. Serve pra provar que pra uma banda ser muito indie, mas indie mesmo, não pode saber como se faz um show. Claro, pombas, como é que você pode ser indie de verdade sabendo escolher um repertório e tentando desenvolver o mínimo de carisma no palco? E é claro, pra fechar a noite com chave de ouro os caras mandam os roadies tocarem o bis. Muito bom, hein?

Eu gostava dos cds do Yo La Tengo com resalvas. O problema básico da banda é que em cada composição eles tentam ser (ou "homenagear", você escolhe) uma banda diferente. Normalmente é o Velvet, mas com frequência você pode reconhecer o Lou Reed na fase solo, o Teenage Fanclub ou até mesmo o Jesus and Mary Chain entre muitos outros. No cd "Genius + Love = Yo La Tengo" (sem comentário sobre o título da obra) por exemplo, existe uma música da qual eu não lembro o nome que é a "the box" do Velvet cuspida e escarrada.

Morte ao Indie, eu digo. Quer dizer, morte ao Indie ruim, poser e pouco inspirado.

E morte eo Baurú também, que tem a cara de pau de cobrar 10% em cima da consumação. Provavelmente pelo couvert artístico, uma vez que não havia nenhum serviço que justificasse o mesmo.
Í, tinha esquecido de postar isso. É velho, mas vale a pena: Behold! O futuro do Flash na Web!

sexta-feira, fevereiro 09, 2001

Sim, Daniel eu copiei o sinal que você usou para linkar os posts. Mas o que posso fazer, achei a solução muito elegante. É pessoal, vocês agora podem linkar meus textos absolutamente geniais e modestos apenas copiando o link do sinalzinho que aparece no começo desse paragrafo. O que faltam inventar?
Hoje comecei meu dia com um mail anônimo mandado pelo formulário dessa página:

"Você é uma figrura (sic) meio estranha mesmo, e além de tudo, contraditória, indica links que contestam sua opinião o tempo todo. Você chega pelo menos a consultar algum deles? Acho que não. Bom, entre outros, consulte este.

Que pena, e o site até que seu site é bonitinho."

Hmmm, um admirador secreto! Engraçado é que ele não deve ter lido o post aonde eu esculhambava essa coluna que ele indicou, escrita pelo Celso Sabadin.

quinta-feira, fevereiro 08, 2001

Depois me perguntam por que eu odeio tanto o Hans Donner.
Vi outro do Kurosawa, o Yojimbo que também tem o Toshiro Mifune, em um papel radicalmente diferente dos dois de Rashomon e Os Sete Samurais. Ao invés de um grosseiro maluco, agora ele é um samurai reservado. Bonzão o filme, a história básica é tirada de um livro do Dashiel Hammet (apesar do Kurosawa ter negado até o fim a inspiração) que se chama "Safra Vermelha" no Brasil e que conta a seguinte história: Homem sem nome chega a uma cidade dominada por fações criminosas. Ele então decide jogar as forças que controlam o lugar uma contra as outras e livrar os moradores da opressão dos bandidos. Basicamente a mesma do filme, se bem que não é um conceito muito original, mas de qualquer maneira o Hammett foi o que fez isso primeiro (e melhor). E danem-se.

A trilha sonora também é muito boa, uma mistura de música tradicional japonesa com uns metais e um toque sutil de musica latina. Não, não façam essa cara de nojo, o resultado fica muito maneiro. Lembra muito outra trilha sonora clássica, a do Marca da Maldade, feita pelo Henry Mancini.

Voltando ao Hammett. Acabou de sair no Brasil um livrão em comemoração aos 40 anos de morte do autor. O nome é uma tradução de "Nightmare Town", eu não lembro das palavras exatas. De qualquer maneira, a edição ficou bem legal, como todas as outras da "coleção negra". E também pode ser usado como banquinho se você não gostar dos contos.

A maioria deles foi publicada na revista "Black Mask" nos steitis, que foi responsável pela divulgação do genero no começo do século passado. O livro americano é mais barato (a versão brasileira custa 50 bagarotes) mas aposto que a brasileira esta bem mais bem cuidada.

terça-feira, fevereiro 06, 2001

O MUNDO VAI EXPLODIR E NÃO VAI SOBRAR NINGUÉM DE SAPATO!

Aê. O Bandido da Luz Vermelha, do Sganzerla é um dos filmes brasileiros mais geniais que eu já vi. A fita conta a história do Luz Vermelha, talvez o bandido brasileiro mais famoso até hoje, e da luta do delegado Cabeção para encanar o sujeito. Tudo contado com uma narrativa de radialistas dos anos 50, daqueles que você ainda ouve na rádio Tupi do Rio, e que faz o filme parecer uma peça original de pulp americano da metade do século passado. A fotografia é um dos P&Bs mais bonitos que já vi, a atuação do Paulo Villaça que faz o Luz é ótima, tudo genial demais. Obrigatório.

Outro filmaço que eu vi foi o Cabra Marcado Para Morrer, do Eduardo Coutinho. Esse documentário fala sobre um filme interrompido pelo golpe de 64, aonde era encenada a história real de um fazendeiro associado a sindicatos que é assassinado por motivos políticos. Coutinho volta ao local das filmagens e tenta retraçar o caminho de todos envolvidos no caso, inclusive o destino da família do camponês.

A Juju também me obrigou a ver o Morte em Veneza, e apesar de ela não acreditar em mim até hoje eu gostei bastante. Acho que foi o primeiro filme do Visconti que eu vi e achei muito bonito mesmo, tudo nos conformes.

Também peguei 3 do Akira Kurosawa até agora, Rashomon, Os Sete Samurais e o Ran. Os dois primeiros além de serem ótimos filmes me fizeram virar fã do Toshiro Mifune. O Ran é uma beleza, muito bom mesmo, principalmente a fotografia que é de babar. Tá no top ten dos filmes mais bonitos (nos dois sentidos, esteticamente e como filme mesmo. Vai ver que o Morte em Veneza tá no Top ten também. Quem sabe?).

Vi mais uns dez filmes, sei lá, um monte. Vi uns dvds de anime também: Mais 3 dvds do Cowboy bebop e o Princess Mononoke. Os dvds do Cowboy Bebop tavam no esquema, se bem que o Session 2 era o melhor de todos que eu já vi (1,2,3 e 5). Continua estiloso, rápido, bem-feito pra burro e com uma direção de arte boa pacas. O Princess Mononoke tá no nível do Akira, que na minha opinião é o melhor longa de animação japonesa que já vi até hoje. Bom pacas, em todos os quesitos.

Amanhã tem mais textos aleatórios sobre filmes. Se preparem.