O Anel do Tolkien - Parte III
Agora darei meus argumentos para tentar provar porque 'O Senhor dos Anéis' foi a bomba do ano passado.
Os fãs
Em primeiro lugar, vamos deixar uma coisa clara: Não discuto esse filme com nenhum fã inveterado de Tolkien. Estou discutindo esse filme como obra individual, não como adaptação. Até mesmo porque um fã não tem o que reclamar, o plot básico foi mantido, as caracterizações dos personagens estão convincentes, os cenários também e eu acho que esses seriam os elementos importantes para a grande maioria de fãs do escritor. Mas como já disse estou discutindo o filme como filme.
O livro
Quem me conhece sabe que eu não gosto do Tolkien. Não gosto de seus livros, acho tudo muito chato. Apesar disso não estou sendo implicante nessas minhas impressões, fui ver o filme com a maior boa vontade, sério. Qual nao foi minha decepção quando descobri que o rapaz funcionava ainda pior na tela do que no papel.
O Roteiro
Nesse ponto o filme provavelmente sofre do mesmo mal que Harry Potter: A legião ensandecida de fãs. Essa legião iria entrar em pânico e mui provavelmente boicotar o filme se mudanças menores fossem feitas no roteiro. O resultado é grande e desengonçado, cheio de 'gorduras' e de pulos enormes no tempo da ação, com dialogos repetivivos e redundantes. 'Eu tenho que resistir ao poder do anel', 'O anel é mal, cuidado.', 'Resista ao poder maligno do anel.', 'Resista ao anel', 'Resista ao poder do anel', 'Não seja corrompido pelo poder maligno do anel, resista!'. Joguem logo o anel de volta no rio e parem de torrar meu saco.
Os Close-ups
Outra coisa que me irritou bastante foram os closes. A direção parece seguir a cartilha da Rede Globo para direção de folhetins diários. Todas as cenas eram closes, provavelmente pra disfarçar o tamanho dos hobbits. O resultado é uma atmosfera claustrofóbica e um conhecimento intímo de todos os poros da cara do Ian McKellen e da falta de poros maquiados do Elijah Wood. Sem contar que o close perde qualquer efeito dramático, se tornando um lugar-comum.
O problema dos Hobbits
A existência no filme de seres que deveriam ter a metade do tamanho de uma pessoa normal sem verba para criar o corpo da criatura sempre com cgis leva a uma série de ângulos malucos pra posicionar sempre os Hobbits no fundo do campo e deixar os outros personagens na frente. Irrita bastante a longo prazo.
Os Travelings
Um traveling é quando a câmera vem voando fazendo 'fuish' e dá uma volta pra mostrar toda a paisagem. Tudo que não é um close é um traveling nesse filme. Talvez pra torna-lo um 'épico'. Paisagens bonitas não fazem um épico, definitivamente.
As cenas de ação
Entre os vários outros elementos que me faziam lembrar o tempo inteiro da obra prima do Monty Python, as cenas de ação foram as mais parecidas. Todas elas são uma confusão só, com a câmera pulando e correndo, deixando você completamente sem noção do que está realmente acontecendo. Enquanto no Cálice sagrado elas funcionavam por serem toscas, no 'Senhor dos anéis' elas não funcionam exatamente por causa disso. Os orcs nunca apareciam direito, tem neguinho dizendo que elas foram filmadas assim pra disfarçar a maquiagem dos bichos. Eu não sei, mas o fato é que elas são enervantes.
Titanic na terra-média
A trilha sonora consegue ser a coisa mais irritante desde o blockbuster de James Cameron. E ela simplesmente não para durante o filme inteiro, com direito até mesmo a créditos embalados pela Enya. Fala sério. Talvez seja a tentativa de fazer o épico de novo.
A Banalização do Fantástico
Tudo é tão fantástico e irreal desde o primeiro minuto de filme que todos os monstros e aventuras da sociedade do anal, opa, anel só te dão sono. Ah, um demônio gigante? Beleza. Um exército de orcs? Tranquilo. Águia do tamanho de um elefante que leva o Gandalf nas costas? Ok. Nada surpreende, tudo é completamente apagado, sem drama.
Cafonice
Entramos em um ponto mais pessoal da minha crítica, mas é uma coisa que eu não posso deixar de apontar. O filme inteiro, dos pés a cabeça e englobando direção, cenários, letreiros de abertura, conceito é de uma cafonice tremenda. Brega, brega, brega.
O Bem vence o mal, espanta o temporal
Eu juro que nunca vi uma luta de bem x mal tão maniqueísta assim. O mau é mau porque nasceu assim, o bom idem. Parece desenho do He-man, sem espaço para nenhuma discussão. Culpa do livro? Não me interessa, está no filme do mesmo jeito. E eu disse que ia discutir o filme.
E aqui termino meus comentários sobre essa obra claramente superestimada. Mande as ameaças de morte para
info@tiagoteixeira.com.br ou use o formulário ao lado. Agradeço a paciência de quem acompanhou, obrigado peregrinos.