quinta-feira, maio 09, 2002

Homi aranha, homi aranha...



A Tiago Teixeira Corporation apresenta agora sua primeira impressão sobre o filme do aranhoso, que estréia dia 17. Se você não viu pode ficar calmo, não vou estragar nenhuma surpresa, então podem guardar suas latinhas de rodox.

Adaptações, sempre as adaptações

No primeiro dia de exibição do filme lá fora os nerds de plantão já estavam tecendo suas resenhas sobre o filme, algumas positivas e aoutras negativas, mas todas tinham em comum um problema sério com a liberdade que o roteiro tomou em reinterpretar alguns detalhes menores da hq do aranhoso. Eu já falei isso aqui várias vezes e vou falar mais uma vez: Um filme não é um livro, uma hq ou uma peça de teatro. A linguagem é outra, as necessidades de um filme são outras e são muito raros os casos de obras que foram adaptadas Ipsis litteris e tiveram um resultado bom (como o falcão maltês do Jhon Huston, mas o livro original já ajudava). Então quando você for ver o filme tenha isso em mente por favor e ignore a horda nerd que quer crucificar o Sam Raimi pela falta dos lançadores de teia, pela morte ligeiramente diferente do tio ben e pelas mudanças no uniforme do Duende Verde, que na minha opinião foi a melhor maneira que se encontrou para tornar um personagem visualmente ridículo apresentável no telão.

A redenção de Raimi

Meu primeiro medo com relação ao filme do aranhoso veio da escalação de Sam Raimi para a direção. O cara já tinha feito coisas bem quadrinescas como o Darkman, mas nos últimos anos tinha se dedicado a produzir um trabalho medíocre como 'Rápida e mortal' ou 'O dom da premonição'. Graças a meu bom Deus parece que o sujeito se empolgou em trabalhar com um elemento que é uma inspiração óbvia de seu trabalho e fez o filme com cuidado e carinho pelo personagem.

A desmotivação do Elfman

Pra compensar, o ótimo Danny Elfman não se motivou nem um pouco e além de não conseguir criar uma música tema pro aranhoso fez uma trilha que parece um frankenstein de Batman, Edward mãos-de-tesoura e A lenda do cavaleiro sem cabeça. Com uma pitadas de Planeta dos macacos em uma cena aonde Osborn passeia por sua coleção de máscaras africanas. E olha que o cara consegue fugir desse tipo de música que se tornou sua assinatura quando ele quer, é só lembrar do tema de Simpsons ou de Dilbert. Shame on you, homem-elfo.

Nanquim em carne e osso

Eu odeio o Tobey Maguire. Eu odeio aquela voz de débil mental dele, o jeito de moleque limítrofe e aquela boca mole que lembra o Barbosa do TV pirata. Mas o cara tá perfeuito como Peter Parker, tenho que dar a mão a palmatória. Claro que esse é o tipo de personagem em que ele se especializou, certo? Mas anyway, a Kristen Dunkst (a garota camisa molhada do filme) tá bem também, convincente e tudo mais. Nosso querido Daniel Default está realmente muito bom como o Norman Osborn, o cara nasceu com cara de vilão do Jack Kirby e já é um duende verde mesmo sem a máscara. E o JJ Jamerson? Perfeito, interpretado pelo famoso 'quem?', pena que aparece pouco no filme. Os tios de Parker também estão nos trinques e até mesmo o James Dean dá uma escamoteada como o duendinho.



Ok, computer

Não existe problema em reproduzir no cinema os movimentos do Batman. Pulos, socos, crash bam pow, super básico. Nem o super homem, só se precisa de uma tela verde que você acha em qualquer estúdio de fundo de quintal. Agora o aranhoso é outro caso, meu filho. No longa a solução que descobriram para reproduzir os movimentos inumados do personagem e suas viagens de tarzan urbano por NY foi realizar todo o trabalho no computador. O resultado é impressionante, principalmente na tela grande, mas é óbvio que não é o Toddinho que está pulando ali. Volta e meia bate a sensação de estar assistinho a um grande video game, mas eu não consigo pensar em nenhuma outra maneira de traduzir o sujeito pro live action. Então meu filho, quando o estupro é inevitável...

De volta a Stan Lee e Steve Dikto

Tim Burton transfomou o Batman em um de seus contos de fadas e conseguiu fazer o Batman Returns, que não é Batman, mas é um filmão. Bryan Singer fez os X-men virarem uma ficção científica e conseguiu um filme legal, com o espírito da hq. Talvez o Homem-aranha seja o melhor filme de super-herói já feito. Eu disse 'filme de super herói', não 'adaptação de um super-herói para o cinema', notem a diferença por favor. Raimi recriou com perfeição o espírito de super herói adolescente e assalariado inventado por Stan Lee e Steve Dikto e isso é uma coisa bem difícil de ser feita sem se cair no ridículo. Palmas pro sujeito.

E é isso. Além de ser um filme bom, o aranhoso teve um impacto muito positivo no mercado editorial de hqs, foi um filme de super herói que quebrou todos os recordes de bilheterias no fim de semana de estréia, arrecadando 114 milhões numa tacada. Agora é só esperar a enxurrada de filmes do gênero que já estão em produção. Os próximos devem ser X-men 2, O Demolidor (eu não apostaria nesse não hein) e o Hulk do Ang Lee. Tomara que eles tenham aprendido alguma coisa com Burton, Raimi e Synger.

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